Hoje é noite do dia 31/12, mas não é qualquer 31/12, pelo menos não como a maioria dos que vivemos antes.
Não há grandes comemorações, aglomerações familiares, ou projetos para o futuro que não estejam condicionados a uma vacina e as interrogações do tal "novo normal".
Talvez seja novidade para muitos comemorar o "simples" fato de estarem vivos, ou, quem sabe, de não terem perdido alguém próximo. Muitos perderam.
Mas, apesar de nossas dores, essa noite é absolutamente como todas as outras.
Daqui a pouco os bichos noturnos acordarão como sempre.
Os peixes nadam indiferentes e as árvores não encerraram seus processos de fotossíntese.
Viu a lua?
Ela esta linda no céu e não tem ideia das agonias de parte dos habitantes do planetinha azul.
Esse mundo abriga milhões, bilhões de outros seres, alguns tão minúsculos que precisaríamos de uma lupa, outros, maiores do que nós, seguem na preguiça noturna de quem não conta os dias do calendário e muito menos se inquieta com pandemias.
A vida prossegue indiferente as nossas dores e não tem a menor intenção de nos ensinar nada.
Mas é linda a capacidade humana de encontrar significados diante do sofrimento e, a partir disso, melhorar-se, amadurecer, seguir adiante.
Talvez seja o que nos diferencia dos outros animais e sinalize a esperança de que, apesar dos pesares, se prosseguirmos, teremos um novo ano melhor.
2021 não será um ano fácil, não sejamos ingênuos, mas agora somos mais experientes, mais sofridos e mais sábios também.
Pelo menos parte de nós.
Se não for suficiente para garantir que tudo vai dar certo, faz bem lembrar que todos os dias temos uma nova chance de, na vida imperfeita, renovar-nos. Renascermos.
Hoje me lembrei do bilhete que meu avô escreveu a minha avó há 80 anos. Eram outras circunstâncias, mas a frase continua verdadeira:
Podemos vencer e venceremos.
Trabalharemos para que assim seja. E com esperança!
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